Entrevista com Paulo Roberto

FAMILIA RIDE IT!

A partir de agora vamos ter esse espaço, dedicado a entrevistas com personagens do bodyboard brasileiro, pouco conhecidos Brasil afora, mas que têm um enrome valor para a Ride It!, pois a maioria deles cresceram sob nossos olhares, os acompanhamos durante esses anos dedicados ao esporte ao longo da costa brasileira e nos deparamos com verdadeiros super-heróis que nos contam um pouco de sua história.

Abrimos a sessão com um ícone capixaba, o apaixonado desbravador das bancadas capixabas, mais precisamente da região de Vila Velha, no Espírito Santo. Paulo “Paulada” Roberto é um desses casca-grossa que temos orgulho de termos como amigo e irmão do mar. Vamos conhecer um pouco da extensa e pouco conhecida, porém não menos galáctica Familia Ride It!

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Nome: Paulo Roberto
Aka: Paulada
Residente: Velha, Espirito Santo, BrasilRI! – Como e onde você começou a surfar de bodyboard e quem te influenciou nessa época?

PR – Foi algo não planejado, na época (1991) eu pedi uma prancha de surf para o meu pai de presente, mas ele acabou comprando um bodyboard por ser mais barato e comecei a dar minha primeiras remadas no mar ali na Pedrinha, em Itapoã, pois morei ali por pouco tempo até meus pais mudarem para Itaparica. Não tive amigos que me influenciaram na época, era só eu e meu irmão. As influências vieram depois com o passar do tempo e conhecimento do esporte. Caras como Mike Stewart, Ben Severson, Kainoa McGee, Jack “The Ripper” eram os “ponta de lança” entre os gringos da época em que me recordo e entre os brasileiros os ícones, Kung, Claudio Marques,  Xandinho, Paulo Esteves, Marcello Pedro, Fábio Aquino, GT começando a despontar no cenário como promessa mundial, entre outros.

 

RI! –  Quem eram teus companheiros de surf naquela época? Quem segue na ativa até hoje?

PR – Após começar a morar e surfar em Itaparica, reencontrei dois amigos de infância, o Anderson e o David Adame que também estavam dando as primeiras remadas e comecei a me enturmar com o pessoal das etapas (condomínios de prédios do bairro) e aos poucos nossa “galera” estava formada: Eu, meu irmão, Anderson e David, Renato “topeira”, Guto, Raul… Dessa galera, meu irmão (que hoje surfa de prancha) e o Anderson Adame são os únicos que ainda estão na ativa.

 

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RI! – Sabemos que você foi um competidor de elite, fato que foi comprovado quando no estado do Espirito Santo foi reado um super circuito onde vieram grandes nomes consagrados no esporte nacional pra competir e medir forças com os capixabas.
Quem eram os Top 8 do ES nessa altura, quem eram os atletas de fora que competiam com vocês e como você acabou neste circuito? Solta o verbo!
PR – Esse circuito pegou fogo na época como todos sabem, grandes nomes do esporte vieram em busca de uma premiação nunca antes anunciada, um carro zero km para o campeão. Não me recordo de todos os tops na época, mas caras como Rodrigo Scherr, Cristian Rosa, Hermano Castro, Pablo Rodrigo, Jefferson Anutte, Diego Cabral entre outros top bodyboarders brasileiros encabeçavam a lista desse circuito casca grossa. Tive a felicidade de me sagrar campeão entre tantos nomes de peso, porém a premiação anunciada não rolou e tal fato fez com que minha história no esporte tomasse outro rumo.

RI! – Por que o apelido de “Paulada”? Explica pra gente, heheheehe

PR – Porque na época tinha um programa que passava na tv globo onde um personagem era um cachorro que andava com um porrete na mão distribuindo pauladas em todo mundo (não que eu fizesse isso hahaha) mas por algum motivo alguém associou isso à minha imagem pegando onda, falando que eu dava várias “pauladas” nas ondas mais cascudas e por isso o apelido pegou.

 

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RI! – Com o passar dos anos, o esporte passou a ser um hobby saudável pra você, pelo que vemos os teus seguidores nas midias sociais. Teu surf foi pra um nivel, digamos “gringo”, além do outside, nas bancadas capixabas, uma espécie de segredo que vocês tentam guardar e preservar. Conte um pouco dessa transição e evolução do Bodyboarding na tua vida e a relação com teu trabalho atual.

PR – O bodyboarding sempre estará presente na minha vida, independente da idade e do momento em que eu esteja. Após abandonar as competições, comecei a me dedicar mais a um bodyboarding até então não muito explorado e praticado, o free surf nas bancadas de pedra e coral. Porém, percebi que para desfrutar deste tipo de onda, eu teria que estar não só fisicamente, mas psicologicamente preparado. E foi nessa preparação que o trabalho de guarda vidas me ajudou e ajuda bastante, pois ao ser treinado pelo corpo de bombeiros militar do Espírito Santo, aprendi técnicas de domínio do meu corpo e da minha mente através do conhecimento não só teórico mas também como prático, o que com o passar dos anos foi sendo desenvolvido e aprimorando cada vez mais e hoje me sinto á vontade quando surfo nessas bancadas em condições extremas.

 

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RI! – Há alguns anos vemos videos impressionantes da equipe Noix Friends, da qual você faz parte. Conte um pouco desse movimento, quem são e qual a missão de vocês.

PR – A história com a galera do Noix Friends é bem legal. Com o passar dos anos, comecei a perceber a presença de uns “muleques” mais abusados nas ondas das bancadas dos picos onde eu já surfava há um certo tempo e sempre busquei incentivar muitos deles. Mesmo sabendo dos riscos, esses garotos não pareciam se importar muito e botavam pra baixo até mesmo em dias mais cascudos onde muito “pro” puxaria o bico. Esses muleques cresceram, se tornaram adultos e tem uma mesma paixão: surfar os fundos de pedra e coral pouco ou nunca explorados no ES. Desses, alguns tomaram outros rumos diferentes devido a vida, mas caras como André Majévisk, Breno Kuster, Bernardo Nassar, Lucas Rocha, Danilo Scarpat, Guilherme Mariante, Bruno Cremonini, Carlos Bellumat que, apesar de cada um ter sua responsabilidade e trabalho, mantém a essência viva e quando o swell aponta na previsão, o coração dessa galera dispara e ficam todos prontos para acordar seja a hora que for para remar ou navegar ainda no escuro em busca de algo que muitas pessoas passarão a vida toda sem entender o porquê. Essa é a verdadeira essência do Noix Friends e, por estarmos sempre nessa sintonia, fui convidado por eles para participar do grupo ao qual aceitei com imenso prazer e o resultado dessa parceria de amizade e respeito puxou o limite de cada um pra cima e culminou numa sequência de videos que podem ser conferidos na fan page do grupo no facebook.  Nossa missão? Explorar o inexplorado, surfar onde muitos acham que não dá, ir para os picos mais bizarros quando todo mundo estiver buscando um lugar mais “abrigado” do swell e registrar isso tudo. E assim mostrar o que o bodyboarding é capaz.

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RI! – Todos temos sonhos, que incluem surfar as ondas perfeitas com os amigos, fazer uma trip inesquecível… Quais teus sonhos e o que você faz para realizar eles?

PR – Quem nunca sonhou em fazer aquela trip internacional com os amigos para um pico perfeito né? Acredito que todos que pegam onda tem esse sonho e apesar da difícil situação econômica pela qual nosso país vem passando, tenho sempre isso em mente. Porém, muitas vezes pelas dificuldades, deixamos de sonhar por conta de muitas coisas que nos rodeiam. Mas a chama sempre estará acesa e tenho fé que um dia irei acordar e falar: -Valeu a pena esperar.  Enquanto isso, aproveito as ondas”gringas” do quintal de casa rsrsrs

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RI! – Vemos teus amigos mais próximos viajando e competindo o tour mundial, trazendo troféus e experiência na bagagem. Como você se sente, sabendo que tem nivel pra engrossar esse caldo? O que faltou pra esse passo na tua carreira? Ou isso não é importante pra você?

PR – Ver meus amigos viajando e se tornando tops do circuito mundial é extremamente gratificante, pois muitos deles vi dando as primeiras manobras e sei do potencial de cada um. Porém, para mim, esse sonho de viajar o tour e competir não me atrai mais. Fui um atleta dedicado e treinava muito, mas essa chama de competição se extinguiu. Descobri uma essência nova e que me move sempre na direção do free surf. O prazer de estar na água me divertindo com os amigos em um pico a alguns kilômetros da areia é hoje pra mim o que me satisfaz a alma. É diferente, é espiritual, é natural. É o contato mais próximo de Deus que o esporte pode proporcionar.

 

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RI! – Quem é Paulo Paulada? 

PR – Cara, falar de mim é um tanto complicado, mas vamos lá. O Paulada é um cara tranquilo, da paz e que ama o bodyboarding, a natureza e toda essa energia do bem que nosso esporte pode proporcionar. Paulada é guarda vidas e dará a vida dele pra salvar a sua. Paulada também fica irado, pois ele é humano assim como você. Curte estar mais só do que em grandes multidões. É do dia, não da noite. Faz questão de estar presente nas melhores horas do mar. Não gosta de pessoas que sujam as praias e sempre está ligado aos movimentos ambientais de limpeza, conscientização e educação. Não é de muitas palavras, mas quem sabe chegar sempre é bem vindo.

 

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RI! – Mande sua mensagem pra nossa comunidade de leitores da Ride It!

PR – Gostaria de agradecer a oportunidade de poder estar passando um pouco da minha essência para toda família Ride It! através desta entrevista e dizer que todos nós, seres surfantes, temos a OBRIGAÇÃO de cuidar e zelar pelo nosso ambiente e pela natureza que tanto nos proporciona momentos aos quais iremos levar para toda vida. Vida longa ao bodyboarding. #eusourideit

Facebook: PAULO ROBERTO

2 Replies to “Entrevista com Paulo Roberto”

  1. Leilson Silva dos Santos disse:

    O mais Big Rayder do Espirito Santo
    Grande abraço Paulada!!!!!

  2. Erik Lopes disse:

    Mostroooooo ícone capixaba

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