Até hoje Xandinho é lembrado e enaltecido por seus feitos, seja pela personalidade ou atitude nos quatro cantos do Planeta.
“Ele foi um dos melhores bodyboarders que o Brasil já teve. Foi top nacional por diversos anos e finalista em várias edições do campeonato mundial em Pipeline (na época em que não havia circuito e o título era decidido numa única etapa“, diz Rodrigo.
“Xandinho era querido e respeitado por todos do meio do surf e do bodyboarding. Era uma pessoa carismática e não negava um sorriso a ninguém”, finaliza.
Tenho o prazer de trazer a memória de um dos maiores Bodyboarders que o Brasil já teve.
A entrevista que vocês vão conferir abaixo é uma OBRA DE FICÇÃO em homenagem a Alexandre de Pontes, ou Alex de Pontes, como os “gringos” o conheciam, ou Xande, como os amigos mais próximos o chamavam, ou simplesmente Xandinho, como ele passou a ser conhecido e admirado por toda a nação amante do esporte.
Dia 25 de agosto, completamos mais de 20 anos sem esse ídolo, que até hoje é lembrado e enaltecido pelos seus feitos, seja pela sua personalidade ou pela sua atitude nos quatro cantos do planeta.
Esse projeto só foi possível pela colaboração/contribuição de alguns de seus melhores amigos.
“Operação Resgate” – Especial Xandinho está no ar!
Rodrigo Monteiro – Xandinho, como foi seu início no esporte? Quando e quem te deu a primeira prancha? Antes do Bodyboarding você praticava outros esportes?
“Xandinho” – Minha primeira prancha eu ganhei do meu amigo Robertinho. Antes, pegávamos onda de peito e isopor no Leblon, no Posto 11.
Naquela época, quem eram suas referências no esporte no Brasil e lá fora?
Aqui ainda tinha pouca gente surfando de Bodyboarding. Minhas referências eram Kiko Pacheco, meu irmão de coração, Billy Portinari, Claudio e Heraldo Marques, Guto de Oliveira e Salgado.
Depois conheci o Kung, Kiko Ebert, Ugo Corti e começamos a ver fotos e alguns (e raros) vídeos de Bodyboarding com os gringos. Os que mais me inspiraram foram Mike Stewart, Ben Severson e Jack “The Ripper”.
E as primeiras competições? Quando e como foram?
Foram as etapas do circuito carioca da AMBERJ, em 1983.
Como surgiram os primeiros patrocinadores?
Foi nesta época, com os bons resultados nas competições, com a Quebra-Mar.
Quando o Bodyboarding se tornou sua profissão?
Logo no início do esporte no Rio de Janeiro, com a organização da AMBERJ e depois a ABBERJ, o esporte atraiu muitos praticantes e patrocinadores e a galera que se destacava na época não teve muitas dificuldades em arrumar bons patrocínios.
Sempre consegui negociar bem com os empresários do esporte e consegui ótimos patrocínios, que me pagavam um salário, equipamentos e viagens para competir pelo Brasil e no exterior.
Você fez parte da primeira equipe brasileira a competir o Mundial de Pipeline, em 1986 (Naquela época, o campeão Mundial era definido em apenas uma etapa, em Pipeline). Qual foi o critério de seleção daquela equipe?
Foi pelo ranking da ABBERJ e para quem tinha condições de viajar com as despesas pagas pelo patrocinador.
Naquela época, final de 85, ainda não tinha um circuito nacional, que pudesse selecionar outros atletas e os melhores estavam mesmo no Rio de Janeiro. O Kung conseguiu os convites para participarmos e fomos eu, Claudio Marques, Kung, Guto e Salgado.
Qual foi a sensação de pisar pela primeira vez na ilha? Como foi aquela temporada para você?
Eu ria o tempo todo, de felicidade… em êxtase total! Já estava nervoso no avião e quando avistamos a ilha, gritei muito alto: ‘Uhuuuu! Galera, é o bicho! Olha lá! Cadê Pipeline? Uhuuuu! Caraca, é o Hawaii! Olha lá! Olha lá!’. Isso porque não posso falar os palavrões… [risos]. E todos no avião riam muito!
Não me contive! Quando pisamos no aeroporto de Honolulu, o ar era diferente, a atmosfera, sei lá… A energia grande, muita adrenalina…
Tirando o Guilherme Tâmega, você foi o brasileiro mais bem sucedido em Pipeline, com três finais (88 – 4º lugar, 90 – 3º lugar e 92 – 4º lugar) e mais outras finais de Consolação (87- 8º lugar e 89 – 9º lugar). Morando no Brasil e treinando em condições tão diferentes, como você conseguia ficar tão a vontade naquela onda?
Estava no sangue! Treinei muito no Leblon e São Conrado e quando entrava em Pipe, era como se estivesse em casa (um pouquinho maior e mais cabuloso… kkkkk). Sabia o que tinha que fazer, o que não podia e deixava meu instinto fazer o resto.
Dentre as etapas que disputou em Pipe, na sua opinião, qual foi a melhor e por quê? E como foi disputar um final com seu “pupilo” Guilherme Tâmega em 92, onde ele ficou em 3º e você em 4º?
Considero o Mundial de 1990, quando rolaram altas ondas também e fiquei em 3º lugar, perdendo para Mike Stewart (campeão) e Ben Severson (vice).
Chegar na final com o Guilherme em 1992 foi emoção em dobro. Para chegar na final do mundial naquela época já era uma senhora conquista e chegando lá com o GT foi ainda mais especial.
Com exceção das etapas do mundial, quais foram seus melhores resultados em competições nacionais e internacionais?
Ganhei várias etapas da ABBERJ, o Bliss International em 89, contra o Mike Stewart, e fui campeão de um evento no Chile.
Aquela final do Bliss International em 89, contra o Mike Stewart, ficou na memória. Simplesmente inesquecível! Praia lotada, todas as redes de TV e jornais presentes e atletas de alto nível. Esse foi seu momento mais marcante no esporte?
Aqui no Brasil, com certeza, pois o Mike era um ídolo imbatível e diante de todos na praia e das câmeras de TV, a galera viu o ídolo ser derrotado pelo galego [risos]!
Tudo conspirou a meu favor, até aquele helicóptero que estava filmando para a TV Globo, que quando se aproximou da água na final, o vento das hélices fez um terral para minha onda e eu tirei um tubo naquele marzinho de 0,5m. Foi incrível!
E o Mike reconheceu minha vitória, me levantando no pódio, diante da galera enlouquecida na praia!
Sempre vai ser minha inspiração.