No mundo dos esportes, especialmente no surf, o audiovisual desempenha um papel fundamental. Através de fotos e vídeos, não apenas capturamos momentos memoráveis, mas também construímos carreiras, conectamos marcas com atletas e criamos o imaginário do esporte. No entanto, em tempos recentes, a importância dessas produções parece estar sendo subestimada, tanto por atletas quanto por marcas.
Esse texto foi elaborado após um bate-papo com Isaac Pereira e diversas outras pessoas do mundo do audiovisual, que atuam em esportes variados, acumulando experiências ao longo de alguns anos.
“Por menos notável que pareça, essa imagem é minha. E por menos claro que esteja dito, é minha.”
– Isaac Pereira
Essa frase ilustra bem o sentimento de muitos profissionais do audiovisual que veem suas obras desvalorizadas. Para os freesurfers, a fotografia ou o vídeo muitas vezes é visto como algo secundário, uma lembrança visual que pode ser obtida de qualquer fonte. Mas a realidade é que, sem essas imagens, a evolução e o desempenho no surf seriam apenas percepções, e não fatos concretos. Ter um registro visual é fundamental para aprimorar técnicas e, mais importante, para provar o quão bom você realmente é.
“Um ponto crucial no mundo do surf é a imagem. Até hoje não conheço um surfista que mandou um aéreo e convenceu o seu patrocinador no boca a boca.”
– Isaac Pereira
É impossível imaginar um atleta profissional construindo sua reputação apenas com palavras. Patrocinadores querem ver, sentir, e a única maneira de fazer isso é por meio de uma imagem de qualidade. A foto ou vídeo não apenas valida a habilidade, mas também projeta o atleta para o mercado, ajudando-o a se posicionar no radar de grandes marcas.
Hilton Issa, um dos atletas, master shaper e surfista de alma do cenário, reflete sobre essas dificuldades: “Você tenta por 30 anos colocar o surf num patamar mundial, sendo desdenhado como atleta. É muito difícil aqui na minha terra.” Esse desabafo revela a luta de muitos surfistas para obter reconhecimento e apoio, especialmente quando o esporte não recebe o mesmo valor em algumas regiões.
E para essas marcas, a produção audiovisual vai muito além de um simples registro. Ela cria narrativas, conecta-se emocionalmente com o público e constrói a identidade da empresa.
“Toda a fantasia do surf veio criada em cima da mídia, publicidade e propaganda, do mundo da fantasia.”
– Isaac Pereira
A publicidade do surf, desde suas origens, foi construída com base em imagens icônicas que retratam o esporte de forma quase mitológica. Quando uma marca subestima o poder de um bom material audiovisual, ela perde a chance de impactar seu público e de se diferenciar no mercado.
“E além do mais, eu não conheço alguém que ouviu ou viu alguém surfar só com o poder da imaginação.”
– Isaac Pereira
Essa citação nos lembra de que, por mais talentoso que um surfista ou atleta possa ser, sem um registro visual, tudo não passa de uma história contada. É através do audiovisual que o talento é mostrado, compartilhado e, no caso de atletas, vendido. A falta de valorização desses profissionais que capturam esses momentos cruciais, seja em competições, eventos ou sessões livres, é um reflexo de uma mentalidade que precisa ser revista.
“Por isso, eu não entendo essa falta de valorização desses cruciais consumidores de mídia, que são nada mais nada menos que os próprios surfistas que precisam propagar sua imagem.”
– Isaac Pereira
A imagem é o maior ativo de um atleta, e negar isso é negar o próprio futuro. Para as marcas, é também uma oportunidade perdida de criar um vínculo real com seu público.
Por fim,
“Eu acredito que o tal, não virá a ter outra imagem dessa.”
– Isaac Pereira
Cada momento capturado é único, e muitas vezes irrepetível. Não existe segunda chance para o surfista que acabou de acertar aquela manobra perfeita, ou para a marca que poderia ter se destacado com uma campanha audiovisual impactante.
A verdade é que o papel do fotógrafo e do videomaker no esporte nunca foi tão crucial. Eles são os olhos do mundo, capturando não apenas a performance, mas também a emoção e a essência do momento. Se não fossem por eles, muitos dos grandes momentos do esporte seriam apenas lembranças vagas, e não imagens que transformam carreiras, constroem marcas e criam a cultura esportiva que conhecemos hoje.