Por Alex Munizz @onlifewearoficial
O filme estrelado por Will Smith em 2019 conta a história de Henry Brogan, um assassino de elite, que se torna o alvo de um
agente misterioso que aparentemente pode prever todos os seus movimentos. Ele logo descobre que o homem que está
tentando matá-lo é uma versão mais jovem, rápida e clonada de si mesmo.
Uma experiência interessante é levar a ficção do filme para a vida real da seguinte maneira: Entrevistei 5 top atletas brasileiros
de várias gerações e fiz 3 perguntas:
A primeira pergunta é: qual linha de onda, qual tipo de surfe você prefere? A do seu “eu” na época de muitos campeonatos, muitos títulos e viagens ou a do seu “eu” atual, com mais atribuições e visões dentro do esporte?
Segunda pergunta: Baseado na linha de onda, qual dos dois “eu” ganharia mais competições hoje em dia?
Terceira e última pergunta é algo que, se pudéssemos fazer uma vez na vida… poderíamos mudar ou manter o nosso destino.
Como não temos permissão para tal, só podemos imaginar: o que uma das suas versões, a mais velha ou a mais nova, diria para a outra?
Confira abaixo as respostas do nossos atletas e acompanhe seus trabalhos através do Instagram:
Jeff Urdan – Primeiro brasileiro campeão mundial amador ISA 1994, atleta top circuito mundial GOB, várias vezes campeão brasileiro profissional e amador. Continua competindo na categoria master e imprimindo seu estilo polido de powersurf.
@jeffurdan
1) Quando digo que o Urdan é a versão melhorada do Anute, as pessoas pensam que estou brincando. Mas é real! O Jefferson Anute não sabia rasgar a onda assim… Era um cutback mais “popular”, parecido com os demais. O movimento não era tão “top to bottom”, ou base lip. Eram rasgadas mais na parede da onda… Diferente dos que o Urdan busca!
Sempre gostei de lapidar as manobras aliadas ao know-how dos tubos, e é isso que me mantém ativo nas ondas após todos estes anos surfando. Essa é a minha motivação. Nao parar de evoluir! Sinto que estou chegando próximo de onde quero chegar nessa manobra. Algo bem longe do que o Anute fazia!
O cut back é uma das manobras MAIS DIFÍCEIS se executado da forma correta!
2) Infelizmente o método dos campeonatos de NÃO PRIORIZAR as melhores condições de ondas continua o mesmo. E para a linha de onda que o Urdan gosta, estes lugares onde são realizados as competições não proporciona fazer! Mas campeonatos não dizem nada pra mim a não ser superação pessoal. Por exemplo, na maioria das vezes nunca é o melhor do evento que ganha, e sim o que foi melhor naquele dia! O Anute era brabo nas competições, mas, o Urdan surfa melhor!
3) Ou antes ou depois, qualquer uma das minhas versões acha importante viver o momento, se divertindo sempre na busca pela motivação pessoal para continuar no esporte com a mesma vontade de um garoto iniciante. O nosso esporte é incrível!
Abner Scoppetta – Campeão paulista amador nos anos 2000; participou do circuito mundial IBA; tem a experiência
de várias viagens pelo mundo. Hoje, Abner é um dos principais influencers dentro do esporte no Brasil criando conteúdos para a internet, revistas, palestras e para canais de televisão, tanto abertas quanto fechadas.
@abnerscoppetta
1) A grande diferença é que hoje busco ondas com mais qualidade, para manobras mais radicais e plásticas, antes a intenção era conseguir fazer as manobras de competição (360, rollo e ARS) em todo tipo de onda, de
meio metrinho a um e meio, pra isso geralmente usava pranchas maiores em até uma polegada e não costumava treinar muito repertório de manobras. Hoje busco explorar mais a variedade de manobras, mais
contorno e não tão mecânico, portanto, com certeza prefiro o meu surf hoje, pois consigo me divertir em todas as condições!
2) Depende das condições do mar, o Abner de 10 anos atrás era mais leve e usava uma prancha de meia a uma polegada maior, com certeza teria vantagem na ondas menores, sem muita energia, mas com um metro pra
cima o Scoppetta deixaria o Abner de 10 anos atrás na combi… kkkkkk
3) O Abner falaria: – Aprendemos muito nas competições, o desafio nunca foi vencer o outro e sim se desafiar a buscar a sua evolução, seus sonhos e limites e o principal: seguir se divertindo!
Eduardo Freitas – Bicampeão cearense profissional; youtuber com um canal que tem mais de 20 mil inscritos dedicados ao ensino do bodyboarding; Primeiro brasileiro que criou um curso online de como surfar de bodyboard.
@eduafreitas
1) Vamos lá! A maturidade e o conhecimento técnico aprimorado no decorrer de tantos anos, tantas tentativas e repetições com certeza me coloca numa linha mais apurada hoje, portanto eu prefiro muito mais a
performance de Dudu Freitas YouTuber e professor de bodyboarding hoje do que o atleta competidor Eduardo Freitas.
2) Se fosse possível uma bateria do atleta Eduardo Freitas e do atual Dudu Freitas youtuber e professor, acredito que o Eduardo Freitas venceria talvez pela sede de vitória, a estratégia de competição e o aproveitamento das ondas, mas te digo uma coisa, tomara que a série não suba para o Dudu YouTuber senão… a competição ficaria muito acirrada! heheheh, é isso, viva o bodyboarding e diversão acima de tudo.
Have fun.
3) Acho que o Dudu Freitas criador de conteúdo, professor de bodyboarders diria para o Eduardo Freitas atleta, o seguinte: – Se cobre menos, se divirta mais, encontre nos detalhes do seu surf o prazer de estar fazendo
aquilo, faça todas as suas manobras com consciência e sinta cada pedaço da sua board deslizando sobre a onda. Lembre-se que você e a onda são um só elemento quando estão juntos e quando perceberes isso,
Estarás fazendo o esporte certo do jeito certo, vida longa ao bodyboarding.
Marcello Pedro – Campeão carioca profissional em 1995, constantemente entre os TOP 5 do ranking brasileiro profissional nos meados dos anos 90, um dos maiores big riders da história do bodyboarding, atualmente presidente da Liga Nacional de Bodyboarding.
@marcellopedrooficial
1) Dificil essa pergunta hein? (risos) Bom, é lógico que eu prefiro o Marcello Pedro competidor dos anos 90, bem explosivo e agressivo, impressionando com manobras fortes em ondas grandes e pequenas também.
Hoje em dia, tenho algumas limitações devido a um acidente surfando (Marcello sofreu um gravíssimo acidente no Posto 5. Clique aqui para assistir o depoimento) mas mantenho a minha linha de onda focada nos tubos, finalizando com uns rollos mas nada de muito impacto para me preservar. Melhor surfar commais prevenção e prudência pois o meu físico não é mais o mesmo. Hoje curto mais as resenhas dentro d´água com os amigos sobre os projetos para o futuro do esporte.
2) Sinceramente falando, se eu pego na bateria os tubões que tenho pego hoje em dia em São Conrado, o Marcello Pedro dos anos 90 ia ter que surfar muito mesmo pra ganhar!
3) Irada essa pergunta! Nunca tive essa pergunta na minha vida. O que o Marcello atleta falaria pro Marcello presidente? Seria o seguinte: – Continue a nadar, não pare, siga seu sonho, seu caminho! Tem um ensinamento na minha família que diz: “Demore o tempo que dure, o tempo que for, nunca esqueça de ter ética, verdade e nunca use as outras pessoas para alcançar os seus objetivos”. Meu pai me ensinou isso e eu repasso esse ensinamento para a minha filha. Já o que o Marcello presidente falaria pro atleta… ah, se eu pudesse falar pra você sobre o seu futuro… te diria que vai valer a pena, vai ser incrível sua jornada e o mais importante não serão os campeonatos conquistados mas a caminhada. A equação da sua vida é: O resultado
vale X mas o processo vale n (x), ou seja, esse n é muito mais do que você possa imaginar!
Neymara Carvalho – Pentacampeã mundial de bodyboarding, 9x campeã brasileira de bodyboarding, uma das maiores referências do bodyboarding feminino mundial; fundadora do Instituto Neymara Carvalho que atende a
mais de 200 crianças e jovens, gerando vários atletas no cenário nacional; mãe de Luna Hardman, a bicampeã brasileira open.
@neymaracarvalho
1) Com certeza eu prefiro a linha de onda da Neymara Carvalho, da experiência, da fundadora do instituto, da mãe da Luna porque eu valorizo toda essa bagagem adquirida ao longo dos anos através da “Neymáquina”, o qual foi crucial para formar a pessoa em quem eu me tornei.
2) Se eu tivesse condições de me dedicar exclusivamente aos treinos de bodyboarding seria bem interessante essa bateria. Em 2019 eu fui vice campeã brasileira profissional mas poderia ter alcançado resultados melhores se tivesse bem treinada e condicionada, porém com tantas atribuições e funções, trabalhando na assembleia legislativa, como mãe e filha ajudando meus pais, com o instituto dando aulas de bodyboarding… tantas versões né? Mesmo assim, continuo nas competições dando bastante
trabalho as atletas, usando a minha experiência para vencer, pois eu gosto de entrar pra ganhar!
3) Conselho que eu daria pra Neymara Carvalho pra “Neymáquina”: Estude bastante os adversários, prepare-se psicologicamente para as baterias, pois não é só no talento e na técnica que se ganham campeonatos. Existem vários treinos essenciais para formar campeões, inclusive a preparação
psicológica. Aprendi com o tempo, vendo a postura das outras brasileiras campeãs antes de mim; eu levei 8 anos pra vencer o primeiro circuito mundial e demorei pra pegar essa visão.
Hoje eu recomendo bastante para meus atletas e para a minha filha Luna, lerem livros que auxiliam muito nessa formação.
Deixem seus comentários abaixo e vamos gerar um debate interessante sobre o tema. #eusourideit
Matéria incrível feita pelo Alexandre Muniz!!!
Uma honra estar nesse Hall de ícones entrevistados, e sinceramente, uma de minhas entrevistas que mais curti em fazer!!!
Marcello Pedro muito obrigado por ter um tempo pra mim. É um privilégio poder fazer essas matérias. Obrigado ao Elmo Ramos por me dar a liberdade da criação e a todos os que participaram. Lembrando que tenho mais uma.entrevista com o Marcello Pedro presidente que vai mais tarde ser lançada. Essa vai ser animal!!!